Meryl Streep, a grande favorita ao Oscar de Melhor Atriz, prova que é A Dama de Ferro do cinema e consegue ser maior que o próprio filme que estrela.
O filme, dirigido por Phyllida Lloyd, tem como proposta contar a trajetória e os problemas pessoais da ex-Primeira Ministra da Inglaterra, Margaret Thatcher. A história é toda baseada em flashes de memória de Margaret, já envelhecida (e retratada como louca).
Tudo começa numa pequena cidade do interior, quando Margaret era uma jovem estudante recém-aceita em Oxford. Na convivência com seu pai, que era prefeito dessa cidade, começa a se interessar pela política. Com o tempo, consegue ingressar no Parlamento, se casar com um homem influente na política e se tornar a chefe do Partido Conservador – e, consequentemente, Primeira-Ministra mulher da história da Inglaterra.
Numa sociedade extremamente machista, ela precisa mostrar toda sua força de comando e tomar decisões que contrariam o que a maioria governista deseja – criando diversos atritos com a oposição e com a própria sociedade. Thatcher é retratada como uma pessoa que toma decisões sozinhas – e que não tem ouvidos para os outros.
O filme, diferentemente do que Margaret pregava – de acreditar e tomar partido de uma decisão – não pende para nenhum dos lados. Fica em cima do muro. E essa é a pior armadilha da fita: simplesmente expor os fatos, com uma superficialidade inexistente no perfil de Margaret. A partir daí, o enredo torna-se raso e desinteressante, pois simplesmente aborda quase tudo o que já sabemos sobre seu governo, marcado por medidas impopulares, conflito com sindicatos, aumento de impostos, Guerra das Malvinas, brigas com o futuro Bloco Europeu (um esboço da criação do Euro), etc.
O que soa quase infantil no filme é o ponto de narração. A fita mostra Margaret conversando – e relembrando – toda sua história com seu já falecido marido, Denis Thatcher. Soa quase como que uma loucura – uma ex-Primeira Ministra falando sozinha com um defunto e em franca decadência mental. Parece ridículo expor a Dama de Ferro a esses devaneios para a construção do filme. O relacionamento com seus dois filhos também é retratado – e passa a sensação de que a filha não tem paciência para cuidar da mãe e o filho, que mora na África do Sul, não se importa mais com sua genitora. E ela fica sozinha – assim como quando deixou o governo da Inglaterra.
Avaliação: * *
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