28 de abril de 2011

Um café forte, por favor

Para me deixar acordado em meio a vontade de dormir e deixar tudo para depois.



Vontade de me largar e parar tudo agora. Mas quando voltar, encontrar tudo no mesmo lugar que deixo agora. Impossível? Sim, impossível. Devo me contentar com esta tarde vazia, com a chuva batendo na janela. Sem luz no prédio. Me contentar com as aulas monótonas matinais que beiram o ostracismo. Aguentar professores viciados no mesmo, que preferem a pesquisa para manter a universidade no topo do que em preparar aulas, no mínimo, atraentes. Mas é pedir demais. Pensam que o nome e os títulos que portam garantirão uma aula decente. A USP está repleta de professores péssimos. Bons pesquisadores, pode ser. Mas péssimos profissionais que devem ensinar os alunos. Os velhos docentes uspianos só largarão as aulas quando passarem desta para melhor. Em férias eternas, claro. Aguentar as faltas dos grandes livre-docentes! Aguentar mais 1 ano e 6 meses para a formatura. Fácil entrar, difícil sair.

Preciso de um café forte para me contentar com minhas escolhas. Para me responsabilizar pelos caminhos que optei seguir. Pagar o preço pelas coisas serem do meu jeito. Jeito que me deixa sozinho as vezes. Mas que proporciona alguns momentos de felicidade quando não estou sozinho. Modo automático ligado. Esperando por mudanças que tenho preguiça de realizar. Ou pressa para que chegue logo. Eu e meu computador numa tarde chuvosa. Sem nenhuma inspiração. Haja café que nunca tomo. Odeio café.

18 de abril de 2011

Sabotadores da felicidade

Ninguém come uma pizza sozinho. Nenhum jogo de futebol é ganho se não há entrosamento entre os jogadores do time. As andorinhas não fazem verão sozinhas.



Pensar na felicidade pessoal e esquecer, dentro de uma relação, da felicidade do outro é a pior armadilha que duas pessoas podem cair. Pensar em si leva a pessoa a conquistar de forma honrosa tudo o que está ao seu alcance. Mas duvido que esta pessoa será feliz em sua plenitude. Há uma espécie de felicidade limitada, com sensação de ausência. E esta ausência só pode ser preenchida com a felicidade do outro. Já cansei de ouvir – e falar – que uma relação é baseada em duas pessoas, duas vidas, duas visões do ser feliz. Um deve complementar a felicidade do outro. O perigo é quando a sua felicidade deixa o parceiro triste, por menor que seja o desapontamento. Mesmo que não perceba, cego dentro do seu mundo feliz. Esquece que há um outro ao seu lado, até então, e começa a viver só para você - e para sua felicidade. Certas atitudes egoístas sabotam a tentativa de felicidade do outro e desilude por completo a relação de um casal. Não pretendo (não consigo), jamais, ser feliz sozinho. Penso – e peso – minhas atitudes. Se tiver a mínima possibilidade de causar infelicidade no outro, abro mão - pois conheço quem está ao meu lado - e a consigo enxergar. E só conseguimos enxergar esta possibilidade quando conhecemos, de fato, o outro. E acredito que numa relação longa, que ultrapasse os anos e meses, já seja possível sacar o que deixa o outro feliz – e infeliz. As pequenas atitudes mudam o rumo da nossa felicidade. Sou a favor de abrir mão da minha pequena felicidade para ser mais completo na felicidade a dois. Não tenho a menor dúvida de que deixar de pensar só em si é o melhor caminho para um mundo mais humano. Feito de pessoas que se amam. Amam a ponto de enxergar o outro. O outro que pensa na felicidade dos dois. Os dois que devem pensar nos dois.

Quem compartilha comigo esta felicidade?

12 de abril de 2011

A FFLCH e o lixo


Daniel Marenco / Folhapress

Quando cheguei na faculdade de Letras na USP na manhã de ontem, me deparei com um estado de guerra. Lixos espalhados pelo chão, papéis arrancados dos murais, banheiro imundo e um mau cheiro pelos corredores. Situação deplorável de um prédio mal cuidado desde sempre pela reitoria, diretores da faculdade e pelos próprios alunos. Os funcionários de limpeza, que não recebem seus salários há um mês devido a falência da empresa pela qual prestam serviço resolveram parar de vez. Digo parar de vez pois quando eles diziam estar trabalhando, a situação do prédio já era lamentável. Banheiros sempre sujos e papéis jogados no chão já não me surpreendiam. Nem mesmo ver os próprios funcionários antes da greve sentados nas escadarias, fumando e vendo a sujeira se acumular. Um descaso total com os alunos! Mesmo quando recebiam seus míseros salários, não faziam o serviço bem feito. Ontem resolveram começar a greve, fazer panelaço, atrapalhar as aulas, procurar alguns membros pseudo-revolucionários da faculdade para apoiá-los e fazer mais sujeira! Sim, os baderneiros viraram as latas de lixo e tocaram o terror na faculdade. Atitude que demonstra o lado mais vândalo das pessoas. Espero que a situação se resolva e que pessoas responsáveis cuidem bem da limpeza do lugar onde trabalham e deem valor para o salário que recebem, sem hipocrisias.

10 de abril de 2011

Marca

Assistir a um capotamento de carro em plena Av. Rebouças – e passar ileso pelo acidente faz qualquer pessoa repensar na sua própria vida e se dar o direito de mudar aquilo que não funciona mais - e que te faz tão mal.



Na madrugada de ontem estava voltando para casa, quando um carro em altíssima velocidade cortou minha frente, perdeu o controle e bateu com tudo no muro do túnel Fernando Vieira de Mello. Simplesmente capotou na minha frente. Por alguns segundos a mais, poderia estar seriamente envolvido com a imprudência dos outros. Esta visão, que parecia coisa de filme, me abriu os olhos para outros pontos intocáveis na minha vida. O choque libera adrenalina e faz sua cabeça trabalhar a mil – mais do que deveria para um pós-balada, que já contabilizava outros problemas com pessoas próximas, que agora não devem mais estar tão próximas.

Devo, a partir de agora, dar valor para coisas que estavam sendo deixadas de lado. A prioridade deve ser a minha vida – que pode acabar a qualquer segundo. Repenso nas relações e no que elas estão acrescentando no meu cotidiano. Brigas serão deixadas de lado. Evito e repudio o conflito. Se quiser dar continuidade, precisa mostrar que realmente quer. Deixar o coração seguir, mas ter a consciência do que deve fazer para dar certo. Parece que dicas vazias não funcionam mais. Não convém mudar e se adaptar ao outro. Triste. Mas a infeliz realidade. Vou aproveitar minha vida antes que se aproveite de mim, em questão de segundos. Obrigado por estar vivo, Jesus!

6 de abril de 2011

Crítica: Toque Dela (Marcelo Camelo)

Se o primeiro disco solo de Marcelo Camelo, “sou”, tinha uma levada carioca, o novo álbum “Toque Dela” tem uma cara paulistana.


Arte: Biel Carpenter

Parece que a mudança de Camelo para “a cidade que não volta” inspirou por completo suas letras e melodias. Totalmente diferente de “sou”, o novo disco, que chegou às lojas ontem (5/04), depois de meses de atraso devido ao perfeccionismo conhecido de Camelo, consegue cativar ainda mais os velhos e novos fãs, com letras fortes e melodia harmoniosa.

A começar pelo título de “Toque Dela”, já podemos ter uma ideia da forte inspiração de Mallu Magalhães na vida paulistana do cantor – e no seu trabalho, consequentemente. São dez faixas, distribuídas entre cinco canções mais arrastadas e cinco animadas ao seu modo. Novamente a banda Hurtmold se junta ao cantor para a composição das músicas, dando uma completa singularidade ao álbum.

A presença da guitarra pode ser considerada o grande diferencial deste novo disco. Se em “sou” o violão dava o tom litorâneo do Rio de Janeiro – onde o álbum foi composto e gravado –, em “Toque Dela” o barulho infernal de São Paulo fez com que Camelo se inspirasse em sons mais graves e potentes, mas de forma harmoniosa.

A faixa mais inspirada do disco é certamente “Acostumar”. Acompanhado da banda Hurtmold, ele canta que “posso até me acostumar e deixar você fugir / posso até me acostumar da gente se divertir / dava tudo por amor”. Já em “Pretinha”, que começa num ritmo ágil e com uma letra relativamente grande para os parâmetros do CD, ele diz em “se perder amor nesse doce tanto faz”. E embarco nesta viagem com ele! As canções “A noite”, “ôô”, “Tudo que você quiser”, “Três dias” e “Meu amor é teu” se aproximam do primeiro disco, com melodias mais leves e arrastadas.

Marcelo Camelo consegue se superar neste novo disco, mantendo sua genialidade como compositor e procurando sempre evoluir como cantor. “Toque Dela” comprova que o amor faz diferença na sua vida – e na vida de quem é inspirado por ele!

Setlist Toque Dela

a noite
ôô
tudo o que você quiser
acostumar
pretinha
três dias
pra te acalmar
vermelho
despedida
meu amor é teu

Avaliação: Excelente

Turnê 2011
Marcelo Camelo lançará o novo álbum no Sesc Pompeia (r. Clélia, 93 - Barra Funda), dias 28, 29 e 30 de abril. Ingressos já estão a venda por R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Choperia. Proibida a entrada de menores de 18 anos.