19 de agosto de 2012

Crítica: Um divã para dois

O novo filme estrelado por Meryl Streep mais parece uma continuação de “Simplesmente Complicado” e deve agradar principalmente casais maduros em crise.


Unidos há mais de trinta anos, Kay (Streep) e Arnold (Tommy Lee Jones) passam por uma crise dentro do casamento, que inclui desconhecimento mútuo dos sentimentos do parceiro, comodismo com a relação e falta de sexo. Para tentar salvar o matrimônio, Kay sugere ao marido uma terapia de casal no consultório do famoso dr. Bernie (Steve Carell), localizado numa pequena cidade marítima.

Mesmo a contragosto, Arnold decide participar do programa intensivo, sem perceber o que realmente existe de errado em seu casamento. Para ele, está tudo perfeito, uma vez que estão juntos há 31 anos e nada mais do que o tempo parece aproximá-los. A monotonia que cerca os anos e o comodismo habitual são os problemas a serem resolvidos por Bernie. Durante sete dias eles devem rever onde as coisas começaram a desandar no relacionamento e procurar a motivação para continuarem juntos. Sempre mais otimista e apaixonada, Kay começa a desanimar com as revelações, muitas vezes cômicas, de seu marido durante as sessões.

As perguntas nada discretas de Bernie dão ao filme um tom mais suave e de comédia, embora o drama seja o tema central. As mudanças parecem não surtir efeito de imediato. Mas com o tempo, e o retorno à realidade, a velha rotina começa a ser revista.

As piadas do longa devem funcionar com quem está casado há mais de vinte ou trinta anos. Para os jovens que assistem ao filme, resta a esperança de “não acabar como aqueles tiozinhos”. A trilha sonora também é recheada de referências às décadas passadas, com músicas que provavelmente embalaram casais apaixonados das décadas de 50, 60, 70...

Quem assistiu “Simplesmente Complicado” pode imaginar que se trata de uma continuação. Mas é mera coincidência, ok? Assim como os casamentos, a história do longa começa bem, mas luta pra não cair na monotonia no final, embora possa surpreender de vez em quando.
Cotação: * *

Crítica: Lanchonete da Cidade

A tradicional Lanchonete da Cidade (Alameda Tietê, 110 – e outros endereços), aposta em diversos sanduíches com variados ingredientes num ambiente retrô e descolado.



Os frequentadores precisam chegar cedo para evitar filas aos finais de semana. Mas a espera é recompensada com sanduíches incríveis, preparados em diversos tipos de pães – a escolha do cliente. A melhor aposta é o Bombom Á La Presse ($30), que leva hambúrguer de 180g grelhado com rodelas de mussarela de búfala e tomate caqui no pão bossa nova. De acompanhamento vem uma batata em formato parafuso sem sal, que remetem às famosas batatas Pringles.

Se não for muito fã de carne bovina, pode se deliciar com o Piu Piu ($ 23), que leva hambúrguer de frango com omeletinho, queijo meia-cura derretido e salada. Mas caso a fome estiver muito grande, não pense duas vezes para saborear o lanche Lambreta ($30,50), que leva hambúrguer de 180grs grelhado com uma rodela de cebola incrustada na carne, tomate caqui, bacon e o queijo da casa derretido.

No cardápio de bebidas, destaque para o suco caprichado de mate, limão, abacaxi, hortelã e um fio de mel. O suco de laranja com frutas vermelhas também agrada, embora não estivesse tão gelado no dia da visita.

O ambiente remete a uma antiga lanchonete, com piso de ladrilhos pretos, azulejos e sofás confortáveis. Numa prateleira do grande salão localizam-se alguns objetos antigos e garrafas de Martini. Os frequentadores também dão uma atmosfera festiva para o ambiente. Os garçons poderiam ser mais eficientes. O pedido levou quase 25 minutos para chegar à mesa.

Avaliação: Ótimo

15 de agosto de 2012

Crítica: Villa Blues (Botucatu – SP)

O pub Villa Blues, o mais novo bar de Botucatu – SP, atrai pela decoração diferenciada mas peca na falta de boas opções de comida no enxuto cardápio.


Divulgação

Certos empreendimentos em Botucatu acertam no conceito mas pecam por não observar o estilo dos habitantes. Quem na cidade sai às 19h de casa com seus familiares e amigos para simplesmente beber uma cerveja, sem ficar de olho no cardápio de comidas? O pub Villa Blues, que nada lembra um autêntico pub (apertado, velho e com som de rock), mais remete a um bar alternativo no melhor estilo dos pontos da Vila Madalena, em SP. Simpático, com garçons eficientes e decoração caprichada o bar agrada no visual. Há uma projeção de filmes em uma parede no vizinho da propriedade, trazendo algo novo e cultural na cidade. A programação musical também é valorizada, apesar de se esquecerem que cobrar r$ 50 de portaria (em dias especiais) em Botucatu é quase um crime!

O preço elevado das cervejas – a partir de r$ 5 por uma garrafa nacional simples – e a falta de boas opções na comida devem espantar rapidamente os frequentadores. A cerveja artesanal de Piracicaba “Dama”, com valor de r$ 15,90 é a maior furada do cardápio – ruim e cara. Um pub que faz jus ao título tem dezenas de lanches, opções de carnes, pratos quentes e diversas porções. O Villa Blues parece que se maquiou demais e esqueceu o conteúdo (e de uma boa cozinha). Linguiça caseira e porções que levam carneiro no preparo são as únicas opções diferentes do enxuto cardápio, que ainda conta com as tradicionais fritas, onion rings e bananinha. O escondidinho de carne seca é a pedida certeira, para quem tem medo de apostar alto - e caro - em pratos desconhecidos a base de carneiro.

Quem quiser se aventurar na vida noturna de Botucatu deve primeiro conhecer os gostos dos habitantes – e estipular preços mais acessíveis. O Villa Blues é apenas modesto para o que pensa ser.

Avaliação: regular

8 de agosto de 2012

O fim do jornalismo


Todo mundo é jornalista hoje em dia. Mas quase ninguém consegue emprego dentro de uma grande Redação, principalmente nos meios impressos, tais como jornais, revistas e editoras. Há trabalho, mas não emprego com carteira assinada e outros benefícios. Ao que tudo indica, todos aqueles que amam de verdade trabalhar com a notícia, como no meu caso, terão que se acotovelar por uma vaga dentro da vala comum dos portais da Internet.

Minha ficha - como aquelas utilizadas antigamente dos orelhões - parece que não quer cair. Tenho o privilégio de trabalhar, ainda, numa Redação de jornal. Na maior, por ora, Redação do Brasil. Mas a cada temporada vejo que ela diminui, lutando para não desaparecer. Quem insiste em ser jornalista, profissão que será exclusiva para quem ama, deve rever os conceitos e considerar seriamente a possibilidade de ingressar no meio online. Sério, acredito que existam estudantes de jornalismo e simpatizantes que sonham em escrever em jornais, revistas, meios em extinção. Eu ainda acredito que o jornal irá sobreviver, que as pessoas comprarão os produtos nas bancas, que levarão consigo no metrô, em papai-noel e coelhino da Páscoa.

Enquanto tiver espaço no impresso, lutarei pela vaga. Mas dentro de poucos anos, ou meses, vou entrar de cabeça na rede. Antes que a rede fique cheia demais para mim.