23 de novembro de 2011

Cheirinho de pão

Passo em frente a uma padaria e sinto o inconfundível cheiro de mais uma fornada de pãezinhos frescos prontos para serem devorados.



Na minha vida, tento ficar atento aos “cheiros” que saem de chaminés invisíveis. A velha questão de sentir o cheiro de fumaça – ou das oportunidades. E sigo atento para uma nova fornada de chances, que não têm dia ou hora para sair. Pelo menos, na padaria, é a cada 15 minutos. Mas se a vida fosse tão previsível assim, não teria a graça da expectativa...

21 de novembro de 2011

Crítica: Amanhecer - Parte 1

A primeira parte do desfecho da saga Crepúsculo consegue traduzir fielmente o best seller mundial de Stephenie Meyer para as telas de cinema. Mas as tão faladas cenas rodadas no Brasil de "Amanhecer" ficam em segundo plano, uma vez que a gravidez de Bella consegue segurar sozinha o longa.



O filme começa com o tão aguardado casamento de Bella Swan e Edward Cullen. Em um belíssimo jardim (casamento dos sonhos para as meninas), a cerimônia reúne os quase figurantes/personagens dos outros três filmes anteriores.

A lua de mel acontece no Rio de Janeiro e em Paraty. Na capital fluminense, só a imagem do Cristo e um sambinha desnecessário em Santa Tereza. O melhor mesmo rola em Paraty, com as belíssimas locações e a aguardada primeira vez do casal. Percebam que o matrimônio e a virgindade preservada são elementos valorizados na história de Meyer. Numa ilha, Bella e Edward (que testa ser português) desfrutam das cachoeiras, mar e tranquilidade... Até que a mocinha descobre estar grávida de um vampiro!

E aí começa pra valer a história de "Amanhecer - Parte 1". Ainda no Brasil, o casal avisa a família Cullen em Forks sobre o "ocorrido". E voltam às pressas para a maternidade e o parto futuro de Bella.

O lobisomem Jacob fica irado com a hipótese de perder Bella - sim, a nossa mocinha corre o risco de morrer se levar adiante aquela maternidade com risco. O bebê cresce rapidamente na barriga dela, levando-a à beira da morte.

Aliado a essa gravidez, os lobisomens da tribo rechaçam a ideia de um vampiro ter engravidado uma humana e prometem acabar com o tratado de paz existente entre eles. Mas Jacob sai do bando e jura proteger Bella - aliando-se aos Cullen.

O filme é tenso e os atores conseguem, pela primeira vez, segurar a dramaticidade. Kristen Stewart mostra-se a sofredora da vez, com raros sorrisos e momentos de felicidade espontânea. Durante mais de 1 hora o público acompanha seu martírio - e a mudança no visual, que a deixa mórbida. Já Robert Pattinson mostra serviço na reta final, apoiando e salvando a vida de Bella. E Taylor Lautner prova que é o melhor ator da saga - e que terá uma sobrevida no cinema.

Pela primeira vez, o romance e o humor ficam de lado, e o enredo pesado ganha o tom.

Aos fãs: espere os créditos, pois há uma prévia do que irá acontecer na segunda e última parte do filme. "Amanhecer - Parte 2" tem estreia prevista para 16 de novembro de 2012, exatamente um ano depois da primeira parte.

Avaliação: * * * *

Crítica: Os 3

O longa do diretor Nando Olival (o mesmo do clipe de "Eduardo e Mônica" na web) amarra as histórias dos seriados "Aline" (Globo) com "Alice" (HBO) nos pontos de relações amorosas e a cidade de São Paulo como pano de fundo.



A história é simples: três universitários na faixa dos vinte de poucos anos se conhecem no banheiro de uma festa e começam um colorido triângulo amoroso na capital paulista. O grande desafio do diretor, e dos próprios atores, é contar algo novo em algo já batido: o mundo dos adolescentes/universitários. Para tentar se aproximar dos jovens - público alvo do filme - Olival inseriu uma pitada de reality show ao enredo.

Camila, Cazé e Rafael desenvolvem como trabalho final na faculdade um projeto de reality show na internet, onde as pessoas podem assistir 24 horas por dia a vida de "pessoas normais" - e de quebra podem comprar os produtos da casa (tem que ganhar dinheiro também, né?). Vale lembrar que os três moram num grande galpão que transformaram num lar fora de casa.

Um executivo compra a ideia e sugere que "os três" sejam os protagonistas do projeto! Eles pensam um pouco e topam o desafio de expor suas vidas para todo o mundo na web. É claro que a naturalidade proposta acaba se perdendo um pouco, uma vez que o site precisa de audiência. Para apimentar o negócio, "os três" começam a se relacionar entre si - até beijo técnico gay faz parte do reality (que não soa a essa altura muito real, uma vez que o público já conhece bem os três).

Com o passar do tempo, e do sucesso na rede, as coisas começam a desandar. A naturalidade de uma amizade forte e duradoura sucumbe ao artificial. E Cazé, que se envolve com Camila, para descrença de Rafael, começa a inventar um desnecessário enredo ao programa.

O filme retrata de forma realista e sem pudor o cotidiano dos jovens, como as cenas de sexo e os cigarrinhos de maconha. Os diálogos soam natural e a levada romântica/dramática permeiam o bom enredo. Mas não acrescenta, de fato, nada de novo para o cinema pré-adulto.

Avaliação: * * *

9 de novembro de 2011

A democracia dos verdadeiros ditadores


Manifestantes agridem profissionais da imprensa e a LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Ontem foi uma manhã anti-democrática. Por volta das 7h, estava tomando café da manhã com meus amigos na faculdade de Letras na USP, assistindo pela TV o desfecho nada favorável aos pseudo-revolucionários que ocupavam o prédio da Reitoria. Quando um indivíduo que nunca vi nesse ambiente de estudo apareceu aos berros dizendo que "decidiram que não haveria aula". Um amigo anti-revolução levantou-se e indagou aquele homem barbudinho com forte odor de maconha e transpirando anarquia. "Mas quem decidiu?", perguntou. "Sessenta alunos votaram e decidiram que ninguém vai entrar no prédio para ter aula", respondeu. Número que representa pouco mais de 1% do total de alunos da faculdade de Letras.

Nos corredores da faculdade, cerca de trinta "estudantes" vorazes arrancaram as cadeiras e lousas das salas de aula e montaram mais de uma dezena de barricadas no lado de dentro do prédio. Estava instalado o caos!

Do lado de fora, centenas de verdadeiros estudantes e professores, interessados em começar as aulas, uma vez que não tinham nada a ver com a revolução sem causa dos baderneiros da Reitoria, tentavam entrar no prédio, pedindo uma votação para decidir quem era a favor ou contra aquele movimento nada democrático. O que foi rejeitado prontamente pelos revolucionários, uma vez que perceberam que a derrota democrática seria massacrante.

Nas duas entradas da faculdade, os barbudinhos colocaram bancos de pedra e lousas das salas de aula para impedir a entrada de quem queria assistir as aulas. O que causou revolta de quem frequenta aquele ambiente com o intuito de retribuir à sociedade através do conhecimento o que a população investe no ensino público.

Um palco foi montado às pressas na frente da faculdade para que os líderes do movimento pudessem despejar as baboseiras contra a presença da PM no campus. E não deram espaço para as vozes contrárias. Longos monólogos vorazes foram declamados por verdadeiros ditadores.

Quem tentou entrar no prédio, amigos meus, acabaram sumariamente agredidos fisicamente, com socos e pontapés por supostos alunos da mesma faculdade, mas com visões diferentes do que é democracia. Os agredidos só estavam lutando por um direito de assistir aula! Um direito que foi retirado por quem mais luta por democracia.

7 de novembro de 2011

Bastidores da coluna: Joana Santos, Laerte e Luis Salém

Dose tripla do Outro Canal nesse domingo! Conversei com a atriz portuguesa Joana Santos, que fará o remake de “Dancin Days”, numa parceria da Globo com a SIC em Portugal. Essa entrevista pedimos há alguns meses atrás, quando foi revelado que haveria a gravação dessa novela em terras lusitanas. E só agora rolou a entrevista com a futura protagonista.

O mote da entrevista recaiu sobre a responsabilidade da Joana, de apenas 25 anos, fazer o papel de Júlia Matos, que foi de Sônia Braga em 1978 na obra original. Falamos sobre a preparação para o remake, se ela já se encontrou com Sônia (“Ainda não, mas estou ansiosa para encontrá-la”), se toparia fazer novela no Brasil (“Sim, quero deixar as portas abertas”), quais atores e atrizes que admira, se é fã de novela brasileira, etc. Super animada, respondeu a todas as perguntas e deu várias risadas. Apesar de falarmos a mesma língua – o português – precisei ouvir diversas vezes a gravação para conseguir bater o texto. É MUITO difícil, acredite. O texto, mais uma vez, estourou alguns 20 centímetros. Mas nada que uma boa edição não salvasse.

O Box ficou por conta da semelhança entre o cartunista da Folha Laerte – que se veste de mulher há alguns anos – e a personagem travesti Ana Girafa, interpretada pelo ator Luis Salém em “Aquele Beijo” (Globo). A conversa com o Salém foi mais produtiva, uma vez que tínhamos mais assuntos para conversar: a preparação para viver uma travesti, como foi fazer uma mulher na peça “O Clã das Divorciadas”, seu programa de humor no Multishow e outros assuntos relevantes. Salém disse que se achava mais bonito que Larte. Já Laerte não tinha visto a personagem, mas deu um Google na hora da nossa conversa e disse que não achava Ana Girafa muito bonita. Esse mote de “quem é mais bonito” acabou ficando com o pequeno espaço do Box nesse final de semana.

Ah, para o próximo domingo já tenho a entrevista feita. Mas só falo na semana que vem, claro!

O resultado você confere aqui: http://f5.folha.uol.com.br/televisao/1001741-atriz-portuguesa-sera-a-nova-sonia-braga.shtml

PS: A capa da Ilustrada dessa semana fiz junto com a Vera Magalhães. Mas caí de paraquedas, fazendo apenas levantamento de dados e criando a arte da matéria que fala sobre os quatro anos da TV Brasil.

PS 2: As duas matérias ganharam capa, da Folha e da Ilustrada!