10 de maio de 2011

Cidade solitária



Vejo da janela um céu cinza escuro. Ouço o vento soprando e fazendo barulho. Observo os helicópteros rasgando o céu e aviões solitários traçando sua rota. Carros vistos do alto lembram uma cidade de brinquedo. As árvores dançando completam a paisagem bucólica de uma tarde de outono. Praticamente objetos inanimados, mas tão animados quanto os seres, que existem – e esquecem-se de viver e se relacionar. Observo também a pressa das pessoas num eterno ir e vir. De algum para outro lugar. Pass(e)ando. E nada mais. Vivendo para alguém? Ou para si mesmas? Há sentido em viver somente para si? Parece que as pessoas esqueceram a arte e as delícias de se relacionar. Nem que seja numa rápida troca de olhar. Olhar o outro, nas ruas, calçadas, prédios, elevadores, escolas, supermercados. Se contentam no olhar frio que o Facebook permite aos seus usuários. Permissão concedida para o distanciamento cada vez maior de pessoas sem sentimento. Que preferem viver de forma autônoma e fria. Que sentido há nisso? Quero um mundo mais quente, com olhares promissores, abraços apertados e beijos roubados!

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