25 de outubro de 2010

No lugar certo, na hora certa



Quinta, 21 de outubro, 9:40. Intervalo de aula da faculdade. Como todo universitário sem dinheiro, precisei ir até o banco para sacar uma grana pra pagar o almoço. No curto caminho, uma blitze da PM dentro da Cidade Universitária me chamou a atenção. Carros estavam sendo parados por policiais militares junto com a guarda universitária na avenida professor Luciano Gualberto.

Sem pensar duas vezes, coloquei meu crachá da Folha, tirei meu caderno de anotações da mochila e comecei a fotografar a ação (4 fotos no total). Procurei pelo responsável da blitze e fiz as perguntas básicas: o que está acontecendo, por que esta ação, quantas pessoas foram abordadas, quantas pessoas participam da blitze e outras perguntas pertinentes.

Cheguei na redação por volta das 13h com uma boa história pra contar. No jornalismo, um furo. Nenhum repórter estava lá para acompanhar a ação. Vendi a minha história para o editor – que a comprou na hora. Durante a reunião de pauta no período vespertino, meu furo ganhou a capa do caderno!

Agora, mais um repórter entra na matéria da redação e eu corro para a USP para tentar ouvir (em vão) a reitoria, a coordenação do campus e pessoas que tiveram seus carros furtados no campus. Por sorte (olha ela de novo aí), encontrei uma fonte na faculdade de economia e administração (FEA). O cara teve seu carro levado pelos bandidos em agosto. Enquanto isto, o outro repórter levanta dados de roubos e furtos na Cidade Universitária da redação.

E para ganhar mais destaque, uma foto seria necessária. Um fotógrafo procurou durante o final da tarde e começo da noite a blitze que iria acontecer – se não fosse a investigação estar em andamento. Os policias não foram até a USP no final do dia.

Para piorar a situação, neste momento nenhuma pessoa estava autorizada a comentar o assunto na universidade. A dificuldade para checar as informações ficava maior. E o prazo do fechamento se aproximava.

Como disse no começo, tinha quatro fotos no meu celular. A qualidade era razoável. Se passasse por um tratamento, talvez conseguisse estampar no jornal. Como não tinha o cabo para transferir as fotos, a namorada do repórter entrou em campo! Mesmo sem entender a importância daquilo naquele momento, foi até meu apartamento (por livre e espontânea pressão) e pegou o dito cujo. Consegui mandar o material para a redação por volta das 19h.

Estava feita a matéria, capa do caderno Cotidiano da última sexta feira (22/10) na Folha de São Paulo. Um pouco de sorte para estar no lugar certo, na hora certa!

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