24 de junho de 2012

Crítica: Para Roma com Amor

O novo e último filme da temporada europeia de Woody Allen, “Para Roma com Amor” consegue captar com muito humor o cotidiano confuso e apaixonante dos italianos na Cidade do Amor.



Depois de filmar “Match Point” (Londres, 2005), “Vicky Cristina Barcelona” (Espanha, 2008) e “Meia-Noite em Paris” (França, 2011), chegou a hora de Roma ser captada pelas lentes do diretor Woody Allen, que volta a interpretar magistralmente neste seu novo filme.

A película começa com uma tradicionalíssima canção italiana – “Volare” – já no prólogo de um policial de trânsito, que parece reger como uma ópera o caótico trânsito de Roma, contextualizando o espectador com o que está por vir. Na sequência, o público é apresentado aos diversos personagens, que não se encontram em nenhum momento da trama. São divertidas histórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo nas românticas paisagens italianas, como o Coliseu, Fontana di Trevi, Piazza Spana e entre ruínas e vielas cinematográficas da cidade.

Allen interpreta um recém-aposentado diretor de ópera que viaja a Roma para conhecer o noivo comunista de sua filha Hayley, sem entender quase nada de italiano. Lá, percebe que o pai de seu genro – que é dono de uma funerária – tem um talento especial para cantar, mas só no chuveiro. O que dará uma ideia inusitada para Allen produzir uma ópera em Roma!

No outro ponto da cidade, um jovem casal italiano se envolve sem querer com uma prostituta, interpretada por Penélope Cruz e um sexy ator de cinema (Antonio Albanese). Numa outra estação, um casal americano tem a relação estremecida com a chegada de uma amiga, interpretada por Ellen Page – e há também a presença da “voz e presença da experiência”, vivida por um renomado arquiteto de shopping centers (Alec Baldwin). Podemos notar a presença de vários atores jovens numa cidade velha – esta ambiguidade será ressaltada em diversas passagens do longa. O idioma mais ouvido na fita é o próprio italiano, embora o inglês apareça com sotaque italiano e na forma original com o próprio Allen. Mas vale a experiência de compreender com mais facilidade a língua de Dante do que a de Shakespeare.

A história mais divertida do filme fica a cargo de Roberto Benigni na pele de um burocrata que do dia para a noite se torna uma badalada celebridade sem nenhum motivo (qualquer semelhança com a breve fama dos BBB’s é mera coincidência)! Todos os detalhes de sua vida íntima e supérflua viram manchetes por um breve período, gerando assim uma ironia da sociedade descartável, rápida e sem conteúdo.

Todos os finais são característicos do diretor: surpreendentes! Traições são ocultadas, o desconhecimento depois da fama é discutido, decisões importantes são tomadas de última hora, famílias se reconciliam depois de não conseguirem se comunicar. Tudo no exato tom de comédia com pedigree – para completa satisfação do público. A última cena, literalmente, é uma das mais emocionantes, fazendo com que todos fiquem com vontade de dar um pulo em Roma o mais breve possível – e se possível, encontrar com os tipos criados por Woody Allen.

O próximo filme do diretor será nos Estados Unidos. Depois, há a possibilidade de desembarcar no Rio de Janeiro ou Buenos Aires para contar mais histórias locais como só Allen consegue fazer.

Cotação: * * * * *

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