Quase todos os diretores da película moram na favela. A única exceção é a jovem Manaíra Carneiro, de 21 anos. Talvez por estarem habituadas com o cotidiano da periferia, conseguiram retratar o lado bom do morro - deixado de lado pelos grandes diretores, que já conceberam um estereotipo extremamente violento da favela. OK, o curta "Concerto Para Violino" é o que apresenta cenas mais fortes. Não dá para fechar os olhos para a violência entre bandidos e policiais - quem está de que lado mesmo? Os outros quatro episódios são mais leves e bem-humorados. No "Fonte de Renda", mostra-se um jovem da comunidade que estuda numa faculdade de direito do Rio. Sim, as pessoas podem crescer e sonhar com voos mais altos na vida, com perspectivas melhores. Em "Deixa Voar" o amor entre dois jovens que moram em lados diferentes da favela, dominados por grupos diferentes, consegue superar todas as dificuldades territoriais e ideológicas. Uma pipa aproxima os lados que pareciam tão diferentes de sua realidade. Em "Arroz com Feijão" o público fica com gosto de quero mais. Não por causa da comida, mas pela história divertida entre dois amigos que precisam descolar um trocado pra comprar um frango na venda de um boêmio flamenguista. O curta que fecha o filme é o "Acende a Luz", que narra o dia de Natal de um técnico de luz que se transforma em papai-noel para levar a luz aos moradores da favela. Todos os episódios conseguiram trazer uma narração ágil e profunda, retratando a verdadeira favela - sem o glamour violento de outrora. Palmas para os promissores diretores!
Cotação: *****
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